sexta-feira, 12 de abril de 2013

Uma história para contar

Ontem, enquanto caminhava pelas ruas da cidade, apressado por compromissos que me levavam a um destino qualquer, fui obrigado a desacelerar o passo e olhar com mais cuidado, pois à minha frente, caminhava um casal de velhinhos.

A pressa, cedeu lugar à admiração que me colocava naquele momento, naquele lugar. Por alguns minutos, esqueci de meus compromissos e apenas admirei aqueles velhinhos que caminhavam a passos miúdos em minha frente.

No começo, tive um pouco de dificuldade até aproximar-me deles, pois eles iam a uma distância considerável de onde eu estava. Apressei o passo, e enquanto tirava o celular do bolso para registrar aquele momento, me aproximava daquele casal que, sabe-se lá quanto tempo estariam juntos.

Enquanto chegava perto, ficava imaginando o quanto a vida deve ter cobrado daquele amor que nem mesmo o tempo foi capaz de apagar. E mesmo depois de anos, ela ainda segurava a mão dele como se fossem jovens namorados. Ela deixava que dois dedos de sua mão esquerda, se debruçassem cuidadosamente na mão firme e segura daquele velho senhor já esculpido pelo tempo.

Fiquei com uma vontade enorme de conhecer mais detalhes da vida deles... Coisas como as dificuldades que eles enfrentaram juntos, as conquistas que a vida lhes proporcionara, os momentos mais felizes que marcaram sua jornada... Coisas que uma imagem ainda não aprendeu a registrar.
Mas decidi segui-los até onde nossos caminhos se desencontrassem.

Talvez, se eles tivessem me dito algo a mais do que eu imaginava, o encanto que eles me proporcionavam resumiria-se apenas no momento presente, e então, eu quiz ficar com a história inteira. É por isso que tenho me convencido de que as vezes, há mais beleza naquilo que não é dito. Pois se um amor têm explicações óbvias para ser registrado, ele corre o risco de ser apagado pelo tempo, por um jovem que se aproxima para matar a curiosidade, ou por um outro tipo de borracha qualquer.

E enquanto o tempo permitir que o amor seja vivido, espero como aquele velho casal, poder ter as mãos ocupadas, não com um lápis e um pedaço de papel, mas por outras mãos que junto de mim, também vão envelhecer.

(Gentil Buratti Neto)