Hoje, a solidão tomou conta de mim. Encontrei-me sozinho com um coração que por hora, foi esquecido. Foi esquecido de mim, das minhas certezas, da minha luz e seguiu sua jornada.
A referência que este coração buscava no meu jeito de ser não é mais a fortaleza que o protegia. Os muros desabaram, as bases ruíram e hoje, ele me reconhece frágil. Fui vencido. Mergulho no mais profundo silêncio e dentro de mim, percorre um coração solitário.
Ele, que já teve lugar seguro, hoje se lança na escuridão de um corpo ainda desconhecido. Coração que se perde pelos labirintos de nossa existência, acaba conhecendo lugares onde a gente nunca pisou. Por isso hoje, deixo-o perder-se de mim. Deixo-o percorrer lugares onde eu nunca tive coragem de chegar. Deixo ele percorrer as profundezas do meu ser. Lanço-o em destino incerto que sempre me amedrontaram e choro em silêncio ao vê-lo reconhecer em mim, lugares que ainda estão vazios. Lugares que ainda eu não habitei.
Hoje, não sei por onde anda este coração. Sinto-o dando gritos dentro de mim, como se quisesse ser encontrado novamente. Não quero esquecê-lo para sempre, nem seria humano abandoná-lo à própria sorte. Mas ele sabe que ainda há muito a ser explorado, há muito a ser conhecido.
Gostaría de estendê-lo a mão e conduzí-lo pelos mesmos caminhos visitados anteriormente, mas o deixo perder-se em novas descobertas para que ele, como Deus, reconheça em mim, lugares aonde ainda não cheguei, minhas maiores profundezas. E depois de ter retornado ao seu devido lugar, que ele possa revelar com a mesma sutileza que lhe é própria, terrenos onde posso fazer morada e revele à quem ali habitar, quem eu realmente sou.
(Gentil Buratti Neto)
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