Por quê
será que as coisas simples são as que mais nos surpreendem?
Gosto
da simplicidade de um fogão à lenha,
do
churrasco improvisado com espeto de pau,
do
casaco de lã já vencido pelo tempo ou das roupas velhas que não
pesam tanto no corpo.
Gosto
do cheiro de grama cortada, dos som dos pardais nos galhos das
árvores e do latir do cachorro quando saio de casa.
Aprendi
a gostar do meu antigo Fusca, que me fazia parar em dias de chuva
para colocar a correia de volta no lugar.
Gosto
da conversa improvisada dentro da academia;
dos pés
descalços no meio da tarde,
do
mesmo gibi que eu leio a muitos anos,
de
ligar as velas quando falta luz.
Gosto
de empurrar a bicicleta na subida,
de
cochilar após o almoço no sofá da sala,
do som
da viola e o cantar desafinado,
de
pescar caranguejo onde eu esperava por lambari.
Gosto de dar presentes fora de época,
do
abraço demorado, do riso farto e das poucas palavras,
das
gargalhadas que ninguém mais entende os seus motivos,
de
pedir com licença, de fazer elogios,
do por
favor, do muito obrigado.
Ainda
não sei porquê a simplicidade me surpreende tanto assim,
mas
descobri por meio dela,
que eu
aprendi a ser feliz.
(Gentil Buratti Neto)