terça-feira, 20 de agosto de 2013

Amanhecer

Durante muito tempo, preocupei-me com o que já não fazia mais parte do meu presente. Queria consertar o que meus braços já não conseguiam mais alcançar... Estendia-os, e nada podia fazer. Relutava contra momentos que eu não deixava acabar, mas já haviam cessado a muito tempo.

A maturidade ensinou-me a encerrar etapas. Deixar para trás o que não me pertence mais e habituar-me à oportunidade de uma nova melodia. Tenho deixado a canção seguir... Há muito mais beleza na melodia a ser conhecida, e eu não posso voltar para corrigir os versos que errei. Fosse assim, toda orquestra estaria condenada ao meu próprio erro.

Aprendi a corrigir os erros começando uma nova história. Deixei que o passado sepultasse o que a vida já se encarregou de esgotar... O que não tinha mais possibilidades. Abandonei velhos hábitos, adquiri novos costumes e reiniciei uma nova jornada. Descobri que a cada dia, nascemos outra vez, para uma nova vida... E vida, é o que me interessa!

Mia Couto já dizia: "Para alguns, a vida sepulta mais que a própria morte!" Não quero me prender ao que o tempo já se encarregou de levar... Se existe um caminho, ponho-me a caminhar! Não preciso olhar para trás... Não preciso medir distância de nada que me persegue, minha direção é para frente!

Deixei de me preocupar com o que vai ficando para trás... O passado foi feito para passar, não para continuar. A memória cuida da canção que acabou, da página que virou, do dia que se encerrou... E eu, preciso estar atento a todo o resto... Presente e futuro! Na constante rotina de amanhecer.

(Gentil Buratti Neto)

Nenhum comentário:

Postar um comentário