quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Descobri que não sei rezar

Minhas orações sempre foram um processo de diálogo com Deus. Ali, ajoelhado num cantinho do meu quarto, encontro paz o suficiente para o meu encontro mais íntimo com o Senhor.
Realizo o quase ritual sinal da Cruz, lembrando-me que estou ali pela exortação da Santíssima Trindade, invoco o Espírito Santo e estou ali... somente eu, e Deus.

Começo agradecendo à Ele pelo dia maravilhoso que tive (as vezes, nem tanto assim), pela minha vida, por tê-Lo presente dentro de mim... Pelas pessoas que fazem parte dos meus dias, enfim. Agradecer, me parece ser o gesto mais sincero que tenho de retribuí-Lo. Mas, será mesmo?
Será que só o agradecimento é suficiente para quem tanto tem, e pouco conhece o verdadeiro valor de tudo isso? Ao mesmo passo que vou agradecendo, recordo-me dos acontecimentos do meu dia, das coisas que eu deixei de fazer, do Cristo que eu deixei de ajudar naqueles que precisavam de mim, dos pecados que eu cometi (ainda que em pensamentos), do quanto eu não fui quem eu deveria ser... Apenas para dar valor à tudo o que o Senhor me deu (ou me emprestou)neste dia. Este, é o momento que eu começo a me sentir culpado pelas coisas que eu deixei de fazer... Pelos pecados que eu cometi...

Aliás, tenho a idéia de que pecado seja a gente fazer mal uso das nossas possibilidades... E nisso, eu tenho experiência! Ah, meu Deus... Que vergonha de mim! Quanta coisa errada eu fiz! Perdão pelas minhas culpas, minhas omissões, por eu não ter sido um bom filho como o Senhor mereceria que eu fosse! ...Que eu “fosse”??? ...Sim, já passou. Mas agora eu preciso “ser”! Como pedir forças ao meu Deus, se eu não sei nem mesmo retribuí-Lo por tudo o que eu tenho? Que atitude mais ingrata a minha, em ter todas as possibilidades, e ainda ter a audácia de pedir alguma coisa à Ele! E quando eu pedir, será que não estarei obrigando-O a fazer a minha vontade? Não teria de ser o contrário?

Tenho medo de “intitular” o Senhor como o senhor das minhas vontades! ...ainda que inconscientemente.

Bom, o que me resta é pedir que Ele aumente ainda mais a minha fé, para que eu possa reconhecê-Lo em todos os momentos do meu próximo dia. Será???
Será que a fé não teria de partir de mim mesmo? Porquê Deus aumentaria a fé em mim, se a fé teria de ser a minha própria confiança n' Ele? É... Até nisso eu falho mais uma vez.

Gostaria de pedir que Deus permanecesse dentro de mim, que nunca me deixasse desamparado, que Ele me ajudasse a viver cada vez mais próximo d' Ele na busca pela minha santidade. Mas nem isso eu tenho coragem de fazer, pois seria errado! ...Sou eu quem precisa dar a chance d' Ele acontecer em mim, sou eu quem precisa estar aberto à presença constante d' Ele na minha vida, sou eu que preciso estar entregue às vontades d' Aquele quem me criou, que mesmo antes de eu existir já me amava e sabia de todos os meus defeitos, e sabe de tudo o que se passa dentro de mim.

Senhor, descobri que eu desaprendi a rezar. Não sei mais, muito bem, como falar com o Senhor... Mas de hoje em diante, existe em mim uma só certeza:

Sou inteiro Teu!

(Gentil Buratti Neto)

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Progresso, o estranho destino das chegadas

Nascemos para o progresso, para inaugurar descobertas e para o processo de amadurecer. É para frente que temos sede de seguir, e seguimos... Caminhamos sem saber o caminho, e a cada passo, estreamos novos horizontes.

Ultimamente tenho refletido muito sobre até onde queremos chegar. Nos desafiando a constantes mudanças de opiniões, de motivos, de personalidade, e até mesmo de caráter. Estamos numa constante atualização de costumes, onde nossos pré conceitos são outros e muitas vezes desconceituam os sábios ensinamentos que nos doutrinaram ainda em berço.

O homem novo anda estranho. Tentando explicar o que não precisa de argumentos, acostumando-se com suas desvirtudes, julgando conceitos que ele ainda não aprendeu a praticar, andando para trás. O "bom dia" que chega tão apressado, muitas vezes não amanhece... O "muito obrigado" anda enclausurado dentro de rígidas prisões denominadas "ego", e o seu "valor de mercado" anda sendo ofertado a preços que alimentam um consumismo desordenado. O homem novo anda assim, aos poucos, sendo consumido. Por seus novos conceitos, por seus novos destinos, por seus novos "valores".

Ando muito preocupado ao ver nos noticiários meninas de 12 anos (ou menos)sendo mães, jovens vendendo o próprio corpo para consumir prazer, famílias sendo destruídas por não mais suportarem a aceitação mútua, o cuidado, o carinho, o amor. Por ver sacralidades sendo banalizadas em novelas, e o sorriso no rosto muitas vezes escondendo o que o coração sente (por ser "politicamente correto").

Estes dias ouvi alguém dizer algo parecido como: "Nada é errado, se te faz sorrir." Meu Deus, será que a única regra hoje, é viver sorrindo? Existem muitos tipos de sorriso, e, dentre todos eles, existe apenas um que é o sorriso de felicidade. Será que o homem está até mesmo se esquecendo de como sorrir?

Que Deus nos ajude a mudar de rumo. A querer o progresso sem vulgarizar nossos valores... A desbravar lugares onde só chega quem ama... A perceber que nem sempre o que é bom, é do bem... E acima de tudo, aprender a sorrir.

Enquanto isso, seguimos nossos destinos... Buscando em cada dia pelos mais belos motivos de chegar.

(Gentil Buratti Neto)