Minhas
orações sempre foram um processo de diálogo com Deus. Ali,
ajoelhado num cantinho do meu quarto, encontro paz o suficiente para
o meu encontro mais íntimo com o Senhor.
Realizo o
quase ritual sinal da Cruz, lembrando-me que estou ali pela exortação
da Santíssima Trindade, invoco o Espírito Santo e estou ali...
somente eu, e Deus.
Começo
agradecendo à Ele pelo dia maravilhoso que tive (as vezes, nem tanto
assim), pela minha vida, por tê-Lo presente dentro de mim... Pelas
pessoas que fazem parte dos meus dias, enfim. Agradecer, me parece
ser o gesto mais sincero que tenho de retribuí-Lo. Mas, será mesmo?
Será que
só o agradecimento é suficiente para quem tanto tem, e pouco
conhece o verdadeiro valor de tudo isso? Ao mesmo passo que vou
agradecendo, recordo-me dos acontecimentos do meu dia, das coisas que
eu deixei de fazer, do Cristo que eu deixei de ajudar naqueles que
precisavam de mim, dos pecados que eu cometi (ainda que em
pensamentos), do quanto eu não fui quem eu deveria ser... Apenas
para dar valor à tudo o que o Senhor me deu (ou me emprestou)neste
dia. Este, é o momento que eu começo a me sentir culpado pelas
coisas que eu deixei de fazer... Pelos pecados que eu cometi...
Aliás,
tenho a idéia de que pecado seja a gente fazer mal uso das nossas
possibilidades... E nisso, eu tenho experiência! Ah, meu Deus... Que
vergonha de mim! Quanta coisa errada eu fiz! Perdão pelas minhas
culpas, minhas omissões, por eu não ter sido um bom filho como o
Senhor mereceria que eu fosse! ...Que eu “fosse”??? ...Sim, já
passou. Mas agora eu preciso “ser”! Como pedir forças ao meu
Deus, se eu não sei nem mesmo retribuí-Lo por tudo o que eu tenho?
Que atitude mais ingrata a minha, em ter todas as possibilidades, e
ainda ter a audácia de pedir alguma coisa à Ele! E quando eu pedir,
será que não estarei obrigando-O a fazer a minha vontade? Não
teria de ser o contrário?
Tenho medo
de “intitular” o Senhor como o senhor das minhas vontades!
...ainda que inconscientemente.
Bom, o que
me resta é pedir que Ele aumente ainda mais a minha fé, para que eu
possa reconhecê-Lo em todos os momentos do meu próximo dia. Será???
Será que
a fé não teria de partir de mim mesmo? Porquê Deus aumentaria a fé
em mim, se a fé teria de ser a minha própria confiança n' Ele?
É... Até nisso eu falho mais uma vez.
Gostaria
de pedir que Deus permanecesse dentro de mim, que nunca me deixasse
desamparado, que Ele me ajudasse a viver cada vez mais próximo d'
Ele na busca pela minha santidade. Mas nem isso eu tenho coragem de
fazer, pois seria errado! ...Sou eu quem precisa dar a chance d' Ele
acontecer em mim, sou eu quem precisa estar aberto à presença
constante d' Ele na minha vida, sou eu que preciso estar entregue às
vontades d' Aquele quem me criou, que mesmo antes de eu existir já
me amava e sabia de todos os meus defeitos, e sabe de tudo o que se
passa dentro de mim.
Senhor,
descobri que eu desaprendi a rezar. Não sei mais, muito bem, como
falar com o Senhor... Mas de hoje em diante, existe em mim uma só
certeza:
Sou
inteiro Teu!
(Gentil
Buratti Neto)
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