Hoje, ao chegar no meu local de trabalho, encontrei-me com uma visitante nada agradável... Uma barata enorme. Um tio meu, uma vez me disse, brincando, que baratas assim, gigantes, é só a gente colocar uma direção e sair andando com elas. Não entendi muito bem o que ele quis dizer... Acho que foi só por elas serem grandes como um carro, ou algo assim.
Não sou daquelas pessoas que sentem nojo ou medo de um ser assim. Mas também, não as aprecio. Para mim, tanto faz... Mas acho melhor que elas estejam distantes de mim. Acho que todo mundo pensa assim, né?
Conversando com meu colega de trabalho, descobri algumas coisas que nunca tinha ouvido falar antes... Ou melhor, alguma delas já. Descobri que se jogarmos ela de qualquer altura, o bichinho não se quebra... Descobri que se cortarmos o pescoço dela, separarmos a cabeça do seu corpo, ela ainda sobreviverá por mais uma semana, morrendo assim, de fome... Descobri também que se explodir uma bomba atômica, ela seria o único ser a sobreviver a catástrofe nuclear.
É claro que não fiz nada dessas coisas horríveis com ela... Não a joguei de altura nenhuma, não cortei a sua cabeça e nem mesmo explodi uma bomba atômica sobre ela. Seria crueldade de mais da minha parte, mesmo se tratando de um bichinho tão desprezível para tanta gente. Se tudo isso que fiquei sabendo é verdade, não sei. Se bem que, se não me falha a memória, já ouvi alguns estudos sobre esta capacidade de sobreviver delas.
Mas o interessante, é que esse bichinho hoje, me fez pensar um pouco mais nas criaturas que estão sob nossos olhos, mas fingimos não ver. Não falo apenas das baratas, mas de toda criatura que as desprezamos. E me deliciei no pensamento de foi também Deus quem as criou. Isso acontece a toda hora, em todos os lugares... Quando menos esperamos, criaturas desprezíveis à nós, estão lá... Sob nossos olhos. Fingimos não ver, às vezes as pisoteamos, enxotamos e as ignoramos.
Meu pensamento hoje se voltou àquela criaturinha, também feita por Deus. E peço à Ele, que me dê sempre um olhar atento à todas as Suas criaturas. Não que eu vá cuidar de todas elas... Acho que nem seria possível cuidar de, por exemplo, uma barata. Mas que eu consiga perceber, que por mais insignificantes que pareçam aos meus olhos, elas possuem capacidades que desafiam os meus limites de compreensão. Assim, terei a plena certeza de que estarei exercendo a minha capacidade de ser humano. Reconhecendo que em todas as criaturas, até mesmo nas mais insignificantes, Deus cuidou de faze-las surpreendentes... E enquanto eu fico aqui, me sentindo o maior sobre elas, basta elas baterem suas asas para alcançar o céu.
(Gentil Buratti Neto)