Estes dias me deparei com uma situação conflitante. Às vésperas de mais um final de ano, com o espírito de Natal se aproximando e o encerramento de algumas atividades, ao realizar um amigo-secreto como de costume tradicional, fiquei de frente com uma situação até então, nova.
O motivo de eu estar em conflito comigo mesmo, era o valor do amigo-secreto. Podíamos apenas comprar presentes de no máximo dez reais. E para ajudar, ainda, eu nem sabia quem seria meu amigo-secreto, já que faríamos o sorteio dos nomes e a revelação no mesmo dia. No momento em que foi definido o valor do presente, até achei bom, pois não era um valor elevado para ninguém. Ficaria fácil comprar um presente qualquer, para uma pessoa qualquer.
Mas o desenrolar dessa história não foi tão simples assim, pelo menos prá mim.
Comecei a me conflitar no momento que saí em busca do presente que eu deveria dar. Como escolher o melhor presente para um amigo que era secreto até prá mim? E, independente de quem seria, será que apenas dez reais traduzem o valor que esta pessoa tem em minha vida?
Bom, pelo menos uma certeza eu tinha: Deveria comprar o presente na casa paroquial da Igreja mais popular da cidade. Pois a mesma, tem a maior loja de artigos religiosos que eu conhecia. Assim, eu encontraria um presente de acordo com o espírito do Natal. Mais um erro eu cometi! Ao entrar na loja, senti-me como um turista abandonado à própria sorte em um mundo inteiro para descobrir. Eram muitas utilidades... Imagens, livros, pulseiras, gargantilhas, etc. O que eu faria naquele momento? O que eu procurava ali? E ainda, somente com dez reais!
Mas o primeiro passo eu já havia dado, eu estava ali! Não havia como voltar atrás, porque eu sabia que ali naquela loja, eu encontraria o que estava procurando. E de fato, eu encontrei! Mas depois de quase uma hora perdido em meus devaneios. Era excitante e constrangedor procurar um presente com aquele valor. Pois eu sabia que meu amigo secreto merece algo em que nem mesmo todo o dinheiro do mundo pode pagar... Uma amizade!
Deve ser por isso que esta troca de presentes leva este nome! Uma amizade secreta! Às vezes, secreta até para nós mesmos... Até que um dia, escolhemos como amigo, alguém que sempre esteve perto, mas estávamos ocupados demais para perceber o seu devido valor.
(Gentil Buratti Neto)