sábado, 22 de dezembro de 2012

Ausência

"Eu só posso ficar na vida de alguém enquanto for para fazê-la bem, do contrário, sou perfeitamente dispensável."

"Se você quizer saber o valor que uma pessoa tem em sua vida, pense em perdê-la."

(Pe. Fábio de Melo)

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Amigo-secreto

Estes dias me deparei com uma situação conflitante. Às vésperas de mais um final de ano, com o espírito de Natal se aproximando e o encerramento de algumas atividades, ao realizar um amigo-secreto como de costume tradicional, fiquei de frente com uma situação até então, nova.

O motivo de eu estar em conflito comigo mesmo, era o valor do amigo-secreto. Podíamos apenas comprar presentes de no máximo dez reais. E para ajudar, ainda, eu nem sabia quem seria meu amigo-secreto, já que faríamos o sorteio dos nomes e a revelação no mesmo dia. No momento em que foi definido o valor do presente, até achei bom, pois não era um valor elevado para ninguém. Ficaria fácil comprar um presente qualquer, para uma pessoa qualquer.

Mas o desenrolar dessa história não foi tão simples assim, pelo menos prá mim.

Comecei a me conflitar no momento que saí em busca do presente que eu deveria dar. Como escolher o melhor presente para um amigo que era secreto até prá mim? E, independente de quem seria, será que apenas dez reais traduzem o valor que esta pessoa tem em minha vida?

Bom, pelo menos uma certeza eu tinha: Deveria comprar o presente na casa paroquial da Igreja mais popular da cidade. Pois a mesma, tem a maior loja de artigos religiosos que eu conhecia. Assim, eu encontraria um presente de acordo com o espírito do Natal. Mais um erro eu cometi! Ao entrar na loja, senti-me como um turista abandonado à própria sorte em um mundo inteiro para descobrir. Eram muitas utilidades... Imagens, livros, pulseiras, gargantilhas, etc. O que eu faria naquele momento? O que eu procurava ali? E ainda, somente com dez reais!

Mas o primeiro passo eu já havia dado, eu estava ali! Não havia como voltar atrás, porque eu sabia que ali naquela loja, eu encontraria o que estava procurando. E de fato, eu encontrei! Mas depois de quase uma hora perdido em meus devaneios. Era excitante e constrangedor procurar um presente com aquele valor. Pois eu sabia que meu amigo secreto merece algo em que nem mesmo todo o dinheiro do mundo pode pagar... Uma amizade!

Deve ser por isso que esta troca de presentes leva este nome! Uma amizade secreta! Às vezes, secreta até para nós mesmos... Até que um dia, escolhemos como amigo, alguém que sempre esteve perto, mas estávamos ocupados demais para perceber o seu devido valor.

(Gentil Buratti Neto)

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

É o silêncio que me traduz

Ando meio desajustado com todo o barulho que gritam aos meus ouvidos. Não sei se é o esgotamento de mais um ano que se encerra... Se meu corpo está começando a preferir o ritmo desacelerado esperando pelas férias que julgo serem tão merecidas, ou se a experiência do meu viver vai me guiando para um lugar onde sinto-me mais à vontade com uma reflexão.

Ando rezando baixinho, num canto do quarto, solitário na Igreja, mesmo que meus amigos estejam ao meu lado. Ando meio que... Preferindo o silêncio, a meditação, o cuidado com as palavras.

Ando meio intrigado com os meus desajustes que já não acompanham o meu mundo corrido. Estou pisando no freio, desacelerando a fala e sendo deixado prá tráz.

Ultimamente, tenho perdido o raciocínio toda vez que encontro um barulho e toda vez que vejo os olhares desatentos que não encontram as minhas palavras em meio a tantas outras. Vou sucumbindo em meio a todo esse tumulto e assim, vou me tornando desnecessário.

Outro dia, enquanto pregava num grupo de jovens o qual participo, em meio a algumas vozes que se juntavam à minha, senti a urgência de ouvir com atenção o que elas diziam. Esforcei-me, e nenhuma palavra pude reconhecer. Era um barulho baixinho. Mas capaz de merecer a minha atenção, o meu silêncio.

Senti-me perturbado ao perceber que todas as outras pessoas queriam prestar atenção no que eu dizia. Mas eu nada mais consegui dizer. Preferi o silêncio.

Ando querendo a doçura dos olhares. A melodia que o silêncio nos oferece, mesmo que sem acordes. Ando querendo a atenção daqueles que nada dizem. Ando querendo ouvir uma palavra de cada vez. Ando querendo o sossego que me traduz. Aí então, talvez eu reencontre o ritmo acelerado que me trouxe até aqui. Mas por enquanto, estou preferindo o silêncio.

(Gentil Buratti Neto)

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Poesia, uma necessidade de vida

Ontem, tive a oportunidade de ver a alegria nos olhos de um amigo quando contava-me que havia acabado de criar um blog. Senti-me surpreso e feliz ao ver traduzido nele os mesmos motivos que me levaram a esta necessidade de escrever. E ao mesmo tempo em que ele revelava os seus motivos, eu percebia nele a preocupação com os cuidados que precisaria ter dali por diante.

Lembro-me de quando cursava o ensino médio, uma professora preocupada não apenas em ensinar o conteúdo de sua disciplina, nos disse que todo ser humano precisava de três coisas na vida... Uma delas, era escrever um livro. Hoje vejo esta necessidade fazer sentido quando encontro-me na companhia solitária de meus versos. De versos solitários, aos poucos, o contexto de uma poesia vai surgindo a medida em que vou me tornando parte de uma realidade que ainda carece de forma.

Vida real e subjetiva vão sendo costuradas. Vou sendo artesão das minhas próprias palavras. Vou juntando as miudezas, procurando rimas e transcendendo a minha realidade a procura de respostas. As respostas que encontro, vão ganhando espaço numa folha de papel. As que ainda não encontrei, deixo-as livres a percorrer meus pensamentos até que um dia encontrem o seu lugar em uma linha cheia de razão, ou não.

Linha após linha, vou sendo diálogo constante entre minha realidade e os versos de um coração que também precisa ser traduzido. Dizem que as palavras mais belas, são geradas no bater de um coração. Por isso, deixo-me ser conduzido aos poucos por este estímulo que me mantém vivo. Ainda há muito a ser dito, muitas perguntas ainda precisam ser saciadas e também há muito o que perguntar. Não me preocupo com o que ainda não tem resposta. Às vezes, precisamos mais das perguntas do que das respostas. São as perguntas que movem a poesia, que dão vida aos sentimentos. E quando a poesia for inevitável, ela surgirá no mesmo instante que meu coração precisará bater para me manter vivo.

E assim, em meio a esta necessidade, vou encontrando minha própria companhia... Afinal, antes da poesia encontrar seu lugar em outros corações, ela precisa ser revelada à quem a traduziu para que um dia, quem sabe, ela se torne o esboço de uma vida marcada pela fragilidade de um coração que sempre teimou em bater.

(Gentil Buratti Neto)