Ando meio desajustado com todo o barulho que gritam aos meus ouvidos. Não sei se é o esgotamento de mais um ano que se encerra... Se meu corpo está começando a preferir o ritmo desacelerado esperando pelas férias que julgo serem tão merecidas, ou se a experiência do meu viver vai me guiando para um lugar onde sinto-me mais à vontade com uma reflexão.
Ando rezando baixinho, num canto do quarto, solitário na Igreja, mesmo que meus amigos estejam ao meu lado. Ando meio que... Preferindo o silêncio, a meditação, o cuidado com as palavras.
Ando meio intrigado com os meus desajustes que já não acompanham o meu mundo corrido. Estou pisando no freio, desacelerando a fala e sendo deixado prá tráz.
Ultimamente, tenho perdido o raciocínio toda vez que encontro um barulho e toda vez que vejo os olhares desatentos que não encontram as minhas palavras em meio a tantas outras. Vou sucumbindo em meio a todo esse tumulto e assim, vou me tornando desnecessário.
Outro dia, enquanto pregava num grupo de jovens o qual participo, em meio a algumas vozes que se juntavam à minha, senti a urgência de ouvir com atenção o que elas diziam. Esforcei-me, e nenhuma palavra pude reconhecer. Era um barulho baixinho. Mas capaz de merecer a minha atenção, o meu silêncio.
Senti-me perturbado ao perceber que todas as outras pessoas queriam prestar atenção no que eu dizia. Mas eu nada mais consegui dizer. Preferi o silêncio.
Ando querendo a doçura dos olhares. A melodia que o silêncio nos oferece, mesmo que sem acordes. Ando querendo a atenção daqueles que nada dizem. Ando querendo ouvir uma palavra de cada vez. Ando querendo o sossego que me traduz. Aí então, talvez eu reencontre o ritmo acelerado que me trouxe até aqui. Mas por enquanto, estou preferindo o silêncio.
(Gentil Buratti Neto)
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